sábado, 24 de março de 2012

Domingo explosivo

Uma família de comerciantes, do bairro Niterói, em Canoas, viveu um domingo explosivo... Não bastasse mais um final de semana de trabalho, eles foram acordados com a notícia de que o mercado havia sido detonado por explosivos. O alvo da quadrilha, porém, era um caixa eletrônico 24 horas, instalado no interior do estabelecimento. Esse tipo de ataque, aliás, parece ter virado moda no Estado, em meio a diversos casos de assaltos, arrombamentos e furtos na Capital, Região Metropolitana e interior no Estado. Em Canoas, esta foi a segunda ofensiva frustrada envolvendo caixas eletrônicos, em 15 dias.
E mem mesmo a presença de câmeras nos comércios parecem amedrontar mais as quadrilhas. Os integrantes costumam usar toucas ninjas e armas pesadas, mantendo-se anônimos. Eles se aproveitam do pouco movimento das áreas residenciais, nas madrugadas, e destroem o que veem pela frente. No último caso da cidade, os criminosos entraram no mercado, quebrando a porta principal com um Vectra em marcha ré. Os moradores ouviram três explosões, que fizeram estremecer as casas.
A Brigada Militar foi chamada por populares, e foi recebida a tiros de pistola e fuzil. Uma das viaturas ficou tão danificada que precisou ser guinchada. No confronto, um sargento, 47 anos, foi atingido no cotovelo esquerdo por estilhaços. Neste cenário de guerra, a população precisa ser melhor assistida, com uma polícia bem equipada, impondo leis mais rígidas, para que se possa proteger de forma efetiva quem está do lado da lei.

Tudo recomeça em março!

Pode parecer clichê, mas o ano só começa efetivamente em março - ou após o Carnaval, quando por vezes o canlendário se estende um pouco mais... Isso porquê, as pessoas retomam a sua rotina, voltando a movimentar a economia das grandes cidade. Com isso, voltam a crescer os índices de violência das grandes cidades.
Enquanto janeiro e fevereiro juntos registraram 12 homicídios em Canoas, em meados de março as estatísticas já ultrapassam 20 casos no trimestre. Os crimes, mesmo que registrados com maior intervalo de dias, envolvem diferentes bairros (como Niterói, Mathias Velho, Guajuviras e Centro) e motivações (causas passionais e tráfico de drogas). A Polícia, porém, precisa enfrentar um outro mal: a falta de servidores, em meio a baixos salários. Enquanto os criminosos se fortalecem, com uma legislação que facilita a soltura de suspeitos, a Polícia se vê obrigada a cruzar os braços nas delegacias. A quem vamos recorrer?!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Em busca de paz e mais polícia

Testemunhei nesta semana a criação do segundo território de Paz em Canoas, que concentra projetos de segurança e cidadania na região da Grande Mathias Velho - que também abrange o bairro Harmonia. Nesta área concentra-se a maioria das 98 mortes violentas registradas em Canoas desde janero, sendo a maioria das vítimas jovens de até 29 anos.
Quem habita esta região sofrida, marcada por invasões, baixa renda e pouca escolaridade, acaba acostumado com tiroteios, assaltos e muita influência do tráfico de drogas. Tanto a polícia civil como a Brigada Militar estão engajadas para diminuir os altos índices de criminalidade, aproximando-se da periferia. O governo, em suas três esferas, soma 90 ações que prometem gerar mais oportunidades a essa população, reduzindo, inclusive, as tentações de quem precocemente acaba se envolvendo em algum tipo de violência.
Por outro lado, vi nos olhos de moradores e comerciantes de lá pouco entusiasmo com a novidade. Deveras, pois muitos já se acostumaram só a ouvir promessas de gente graúda, por vezes mais interessada em arrecadar votos do que resolver de fato os problemas. Eles querem mesmo é ver mais polícia circulando nas ruas, gerando uma maior sensação de segurança e a perspectiva de um futuro melhor às novas gerações. Essa polícia, porém, está tão sucateada e mal remunerada, que acaba sobrevivendo de "bicos", ou mesmo aceitando propinas de quem deveria combater. Uma mazela que se estende até os altos escalões da corporação, que luta por mais respeito em meio a queima de pneus, bonecos de farda, greves nas delegacias e até mesmo fazendo o boicote de operações. Onde vamos parar?!
Caso o poder público não tome uma atitude séria, e em definitivo, estaremos longe de conseguir a sonhada paz em nossas casas, trabalhos, e até mesmo famílias!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Polícia X Polícia

Em um episódio recente, a comunidade canoense testemunhou um grande equívoco da polícia gaúcha. Ao cumprirem essencialmente as suas funções - prevenir, combater e elucidar crimes - policiais civis e militares acabaram entrando em confronto. De um lado cinco agentes do Denarc verificavam informações sobre a entrega de drogas no bairro Estância Velha. No outro cinco brigadianos, do setor de Inteligência, verificavam denúncia sobre dois veículos suspeitos (que não sabiam ser do Denarc) na mesma área. Ambos estavam sem farda, utilizando-se de viaturas discretas. Não se sabe ao certo o por quê, mas o caso acabou em perseguição e troca de tiros, onde um agente foi ferido de raspão na cabeça.
O episódio reacende uma discussão histórica: É lícito que a Brigada Militar tenha uma equipe própria para investigar crimes? Essencialmente, cabe aos brigadianos o dever de patrulhar as ruas de nossas cidades, buscando inibir e até mesmo evitar a ação de criminosos. E quando isso não ocorrer, devem tentar prender o bandido após o cometimento do crime. Tudo isso de forma ostensiva, ou seja, usando fardas e viaturas identificadas para justamente dar à população uma sensação de segurança.
Já os policiais civis vestem-se como pessoas comuns para investigar os crimes. A não ser na fase da operação policial, onde torna-se necessário que sejam identificados para não causar pânico à comunidade.
Historicamente é a mistura de atribuições que gera um certo desconforto entre civis e militares, em meio a falta de estrutura, e baixos salários. Essa disputa iminente pode tornar as polícias incapazes de se reconhecer... E no caso vivenciado em Canoas, acaba por confundí-los com suspeitos - lutando entre si, como se fossem bandidos!

domingo, 25 de setembro de 2011

Um vício sem limites

Em pouco mais de dois anos em coberturas policiais, há quem se assuste sabendo que ganho a vida escrevendo sobre as desgraças alheias. Pois, a vida de um jornalista é feita de histórias. E o factual me instiga, principalmente quando surgem histórias curiosas, e em alguns casos fantásticas. Em meio a "rotina" da redação, posso dizer que pouca coisa realmente me choca, a não ser quando foge do limite aceitável de humanidade.
Na semana retrasada, um homem, de 27 anos, matou um "amigo" para retirar a prótese de platina, implantada em sua perna direita. Contam familiares que, certa manhã, o homicida pediu uma faca emprestada ao pai dizendo que ia matar alguém. Depois de cometer o crime, voltou para casa e devolveu a faca lavada à família. O homicído ocorreu no início da manhã, às margens da BR-116, em Canoas, chocando policiais que encontraram a vítima esfaqueada e com sinais de enforcamento. Próximo ao corpo, a perna implantada da vítima estava cortada e foi carneada - como um animal em um matadouro. A platina, no entanto, não foi retirada, pois estava parafusada junto ao osso. A polícia diz que o autor seria usuário de drogas e planejava vender o metal, avaliado em 10 mil reais, para alimentar o vício.
No momento da prisão, pasmem: a família agradeceu a Deus e aos policiais. O homem tinha antecedentes por estupro, roubo, furto e é suspeito de outro homicídio. Até quando o tráfico de drogas seguirá despedaçando famílias? Ontem, esse vício sem limites desgraçou a vida destes personagens reais. Amanhã pode ser a minha ou até mesmo a sua... Denuncie anonimamente para o fone 181!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A elite da tropa

Aproveitando o trocadilho feito por uma colega de profissão, volto a escrever sobre os nuances desta "vida bandida". E desta vez, aproveito para comentar sobre uma boa notícia veiculada no último final de semana... Enfim os índices de homicídios em Canoas estão caindo. Em 10 meses, a média de assassinatos, nos quatro cantos de Canoas, segue reduzindo em torno de 30%. A experiência bem sucedida de programas federais como o Território de Paz Guajuviras demonstram que a conscientização da população ajuda a mudar uma realidade histórica. Recordando as palavras de um delegado de polícia, "a comunidade passa a ser a principal parceira da polícia, triplicando o número de denúncias".
A tecnologia, aliada à inteligência das polícias, ajuda a prever e até mesmo evitar ocorrências, pois até mesmo os mais desavisados já percebem que podem estar sendo observados. A Brigada Militar ressalta que no município há muitas prisões por tráfico de drogas - um mal mundial, responsável por milhares de tragédias.
Apesar das equipes de investigação serem pequenas, me alegra saber que ainda tem gente que trabalha em prol da sociedade. E por quê não lembrar do exemplo fictício do personagem capitão/coronel Nascimento, do filme Tropa de Elite, que dedica sua vida à BM, trabalhando incansavelmente contra o crime e a ética na polícia?! Conheço gente na vida real que fica mais tempo fardado, ou trabalhando em processos, do que com a própria família... E reconhece isso sorrido, como um típico workaholic.
A esses profissionais da segurança, que não me fazem esmorecer - apesar das dificuldades impostas pela área, como a lei da mordaça - agradeço pela dedicação. E que no final de tudo isso reste apenas o sentimento de missão cumprida, ao contrário do então brigadiano idealizado pelo diretor José Padilha.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A contravenção da polícia

Não bastasse a corrupção se misturar cada vez mais com a história da política no país, passa a fazer parte também da rotina policial. E o pior é que o motivo principal dessa prerrogativa deixou de ser simplesmente a busca pela Justiça, através da investigação criminal. Causa surpresa e preocupação pensar que a contravenção é uma realidade não só combatida pela polícia, mas presente nas próprias instituições militar e civil.
Em situações recentes, e quem sabe até pontuais, a própria polícia precisa se defender de seus servidores. Isso fica claro, por exemplo, na Operação Congregação, onde o Ministério Público precisou tomar as rédeas de uma investigação interna da Brigada Militar. Afinal, um sargento passou a usufrir de informações sigilosas para possivelmente beneficiar sua rede de relacionamentos. Entre jornalistas, colegas de profissão e até mesmo contraventores.
Em outro caso, temos um soldado que morava em cima de uma depósito clandestino de caça-níqueis, no bairro Olaria, em Canoas. Será possível que ele não sabesse de nada? Ou mesmo que apenas se sigam ordens de superiores? O certo é que a sociedade continua precisando muito desta polícia, que como qualquer instituição pública tem problemas e se esmera no combate a contravenções - uma contradição presente na própria corporação.