sábado, 3 de dezembro de 2011

Em busca de paz e mais polícia

Testemunhei nesta semana a criação do segundo território de Paz em Canoas, que concentra projetos de segurança e cidadania na região da Grande Mathias Velho - que também abrange o bairro Harmonia. Nesta área concentra-se a maioria das 98 mortes violentas registradas em Canoas desde janero, sendo a maioria das vítimas jovens de até 29 anos.
Quem habita esta região sofrida, marcada por invasões, baixa renda e pouca escolaridade, acaba acostumado com tiroteios, assaltos e muita influência do tráfico de drogas. Tanto a polícia civil como a Brigada Militar estão engajadas para diminuir os altos índices de criminalidade, aproximando-se da periferia. O governo, em suas três esferas, soma 90 ações que prometem gerar mais oportunidades a essa população, reduzindo, inclusive, as tentações de quem precocemente acaba se envolvendo em algum tipo de violência.
Por outro lado, vi nos olhos de moradores e comerciantes de lá pouco entusiasmo com a novidade. Deveras, pois muitos já se acostumaram só a ouvir promessas de gente graúda, por vezes mais interessada em arrecadar votos do que resolver de fato os problemas. Eles querem mesmo é ver mais polícia circulando nas ruas, gerando uma maior sensação de segurança e a perspectiva de um futuro melhor às novas gerações. Essa polícia, porém, está tão sucateada e mal remunerada, que acaba sobrevivendo de "bicos", ou mesmo aceitando propinas de quem deveria combater. Uma mazela que se estende até os altos escalões da corporação, que luta por mais respeito em meio a queima de pneus, bonecos de farda, greves nas delegacias e até mesmo fazendo o boicote de operações. Onde vamos parar?!
Caso o poder público não tome uma atitude séria, e em definitivo, estaremos longe de conseguir a sonhada paz em nossas casas, trabalhos, e até mesmo famílias!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Polícia X Polícia

Em um episódio recente, a comunidade canoense testemunhou um grande equívoco da polícia gaúcha. Ao cumprirem essencialmente as suas funções - prevenir, combater e elucidar crimes - policiais civis e militares acabaram entrando em confronto. De um lado cinco agentes do Denarc verificavam informações sobre a entrega de drogas no bairro Estância Velha. No outro cinco brigadianos, do setor de Inteligência, verificavam denúncia sobre dois veículos suspeitos (que não sabiam ser do Denarc) na mesma área. Ambos estavam sem farda, utilizando-se de viaturas discretas. Não se sabe ao certo o por quê, mas o caso acabou em perseguição e troca de tiros, onde um agente foi ferido de raspão na cabeça.
O episódio reacende uma discussão histórica: É lícito que a Brigada Militar tenha uma equipe própria para investigar crimes? Essencialmente, cabe aos brigadianos o dever de patrulhar as ruas de nossas cidades, buscando inibir e até mesmo evitar a ação de criminosos. E quando isso não ocorrer, devem tentar prender o bandido após o cometimento do crime. Tudo isso de forma ostensiva, ou seja, usando fardas e viaturas identificadas para justamente dar à população uma sensação de segurança.
Já os policiais civis vestem-se como pessoas comuns para investigar os crimes. A não ser na fase da operação policial, onde torna-se necessário que sejam identificados para não causar pânico à comunidade.
Historicamente é a mistura de atribuições que gera um certo desconforto entre civis e militares, em meio a falta de estrutura, e baixos salários. Essa disputa iminente pode tornar as polícias incapazes de se reconhecer... E no caso vivenciado em Canoas, acaba por confundí-los com suspeitos - lutando entre si, como se fossem bandidos!

domingo, 25 de setembro de 2011

Um vício sem limites

Em pouco mais de dois anos em coberturas policiais, há quem se assuste sabendo que ganho a vida escrevendo sobre as desgraças alheias. Pois, a vida de um jornalista é feita de histórias. E o factual me instiga, principalmente quando surgem histórias curiosas, e em alguns casos fantásticas. Em meio a "rotina" da redação, posso dizer que pouca coisa realmente me choca, a não ser quando foge do limite aceitável de humanidade.
Na semana retrasada, um homem, de 27 anos, matou um "amigo" para retirar a prótese de platina, implantada em sua perna direita. Contam familiares que, certa manhã, o homicida pediu uma faca emprestada ao pai dizendo que ia matar alguém. Depois de cometer o crime, voltou para casa e devolveu a faca lavada à família. O homicído ocorreu no início da manhã, às margens da BR-116, em Canoas, chocando policiais que encontraram a vítima esfaqueada e com sinais de enforcamento. Próximo ao corpo, a perna implantada da vítima estava cortada e foi carneada - como um animal em um matadouro. A platina, no entanto, não foi retirada, pois estava parafusada junto ao osso. A polícia diz que o autor seria usuário de drogas e planejava vender o metal, avaliado em 10 mil reais, para alimentar o vício.
No momento da prisão, pasmem: a família agradeceu a Deus e aos policiais. O homem tinha antecedentes por estupro, roubo, furto e é suspeito de outro homicídio. Até quando o tráfico de drogas seguirá despedaçando famílias? Ontem, esse vício sem limites desgraçou a vida destes personagens reais. Amanhã pode ser a minha ou até mesmo a sua... Denuncie anonimamente para o fone 181!