sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A elite da tropa

Aproveitando o trocadilho feito por uma colega de profissão, volto a escrever sobre os nuances desta "vida bandida". E desta vez, aproveito para comentar sobre uma boa notícia veiculada no último final de semana... Enfim os índices de homicídios em Canoas estão caindo. Em 10 meses, a média de assassinatos, nos quatro cantos de Canoas, segue reduzindo em torno de 30%. A experiência bem sucedida de programas federais como o Território de Paz Guajuviras demonstram que a conscientização da população ajuda a mudar uma realidade histórica. Recordando as palavras de um delegado de polícia, "a comunidade passa a ser a principal parceira da polícia, triplicando o número de denúncias".
A tecnologia, aliada à inteligência das polícias, ajuda a prever e até mesmo evitar ocorrências, pois até mesmo os mais desavisados já percebem que podem estar sendo observados. A Brigada Militar ressalta que no município há muitas prisões por tráfico de drogas - um mal mundial, responsável por milhares de tragédias.
Apesar das equipes de investigação serem pequenas, me alegra saber que ainda tem gente que trabalha em prol da sociedade. E por quê não lembrar do exemplo fictício do personagem capitão/coronel Nascimento, do filme Tropa de Elite, que dedica sua vida à BM, trabalhando incansavelmente contra o crime e a ética na polícia?! Conheço gente na vida real que fica mais tempo fardado, ou trabalhando em processos, do que com a própria família... E reconhece isso sorrido, como um típico workaholic.
A esses profissionais da segurança, que não me fazem esmorecer - apesar das dificuldades impostas pela área, como a lei da mordaça - agradeço pela dedicação. E que no final de tudo isso reste apenas o sentimento de missão cumprida, ao contrário do então brigadiano idealizado pelo diretor José Padilha.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A contravenção da polícia

Não bastasse a corrupção se misturar cada vez mais com a história da política no país, passa a fazer parte também da rotina policial. E o pior é que o motivo principal dessa prerrogativa deixou de ser simplesmente a busca pela Justiça, através da investigação criminal. Causa surpresa e preocupação pensar que a contravenção é uma realidade não só combatida pela polícia, mas presente nas próprias instituições militar e civil.
Em situações recentes, e quem sabe até pontuais, a própria polícia precisa se defender de seus servidores. Isso fica claro, por exemplo, na Operação Congregação, onde o Ministério Público precisou tomar as rédeas de uma investigação interna da Brigada Militar. Afinal, um sargento passou a usufrir de informações sigilosas para possivelmente beneficiar sua rede de relacionamentos. Entre jornalistas, colegas de profissão e até mesmo contraventores.
Em outro caso, temos um soldado que morava em cima de uma depósito clandestino de caça-níqueis, no bairro Olaria, em Canoas. Será possível que ele não sabesse de nada? Ou mesmo que apenas se sigam ordens de superiores? O certo é que a sociedade continua precisando muito desta polícia, que como qualquer instituição pública tem problemas e se esmera no combate a contravenções - uma contradição presente na própria corporação.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A guerra do tráfico

Em meio a uma sexta-feira, que parecia ser tranquila, descobri que havia um baleado caído em via pública, no bairro Guajuviras. Logo que cheguei na ocorrência, descobri que o rapaz de 22 anos tinha sido executado a tiros, a poucas ruas da rótula do bairro, onde a Prefeitura colocou o seguinte letreiro: Território de Paz, Guajuviras.
Conversando com moradores, descobri que o jovem integrava um dos grupos mais famosos e influentes do local, conhecido como a Gangue dos Califa. A Brigada Militar diz que ele fazia a segurança de integrantes do bando.
Como de praxe, vizinhos afirmavam no local que não viram nada. Porém, traziam a família para assistir a movimentação da polícia e peritos. Tentando conversar com parentes, senti o medo presente em suas palavras e face. "Aqui a gente não fala. E se tu quiser ficar viva, desiste disso", disse uma mulher, ainda abalada.
Em mais um crime em que a vítima tem envolvimento com o tráfico de drogas, fica claro que o tempo não perdoa... É tudo uma questão de escolha!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Espíritos e magia negra

Uma moradora de Canoas pode ter sido assassinada em meio a um ritual de magia negra. E o mais incrível é que o principal suspeito deste crime é um "amigo" da vítima que dizia ser a reencarnação de um filho que ela perdeu. A filha da vítima diz que o suposto pai-de-santo, suspeito de matar a mãe junto a dois comparsas, conseguia extorquir a empresária incorporando o espírito do irmão morto.
Curiosamente, a Polícia Civil ficou sabendo deste crime quando investigava outro caso em Eldorado do Sul. Os últimos relatos de um jovem, que morreu vítima do crack, indicaram o local em que uma mulher teria sido concretada viva, em uma empresa de celulose, próxima à BR-290. Ao desenterrá-la, a polícia encontrou junto ao corpo dois caixõezinhos pretos e uma corrente contendo um cadeado, usado pelo trio para garantir que a vítma não pudesse fugir ou ressurgir.
Conversando com adeptos de religiões africanas, percebo que a crença em Deus e os santos que envolvem este culto tem representações distintas. Há um trabalho espiritual e comunitário exercido por aqueles que vivem e dedicam-se à linha branca. Que o mau exemplo deste caso não nos faça duvidar da seriedade do trabalho feito por casas religiosas, que representam crenças milenares como a Umbanda e o Candomblé.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tragédia em família

Em quase um ano de reportagem policial, costumava dizer que crimes violentos não me atingiam, já que a maioria deles envolvia pessoas com extensa ficha criminal. Hoje, porém, posso dizer que nada é mais chocante do que um crime cometido contra cianças.
O caso aconteceu no final de julho, em uma casa distante do bairro Mato Grande... Conforme relatos de um menino de 8 anos, que se escondeu embaixo da cama para fugir do pai, uma briga teria gerado os ataques a sua mãe e às irmãs, de 10 meses e seis anos. Somente a menina mais velha sobreviveu aos golpes de faca... O homicida, segundo o filho, teria bebido três garrafas de cachaças naquele domingo.
Não satisfeito, o homem teria procurado pelo menino que, assustado, acabou saindo do esconderijo. Demonstrando a coragem de poucos, o garoto teria conversado com o pai que o orientou a ligar para o 190. E em meio a esta onda de trotes, o policial militar atendente acabou não acreditando na história do menino, que insistia em dizer que estava sozinho em casa.
De acordo com a polícia civil, o sobrevivente pegou a irmãzinha ferida no colo e a cobriu com sua jaqueta para pedir ajuda dos vizinhos. Até semana passada, a única pista do foragido é que estaria mendigando comida em comércios de Igrejinha, acompanhado de uma mulher morena. Teria ela ideia do perigo que corre? Se não for cúmplice do mesmo...

A banalização do crime

Em plena sexta-feira, uma cena incomum mudou a rotina de um pequeno vilarejo, no bairro Niterói, em Canoas... Um Audi A3, tripulado por motorista e caroneiro, é de repente parado por atiradores. Um das vítimas chegou a deixar o carro, correu cerca de um quarteirão mas acabou não sendo poupado. Foi uma cena cinematográfica, digna de ser aplaudida por diretores renomados, o que na cidade tem se tornado um tanto banal.
A exemplo disso, torna-se comum ver dezenas de pessoas simples, anônimas,circundarem a cena do crime. A espetacularização da violência talvez explica parte desta curiosidade... Mas o que não se pode negar é que, em muitos casos, as famílias de baixa renda vivem com poucas opções de entretenimento. E nem mesmo as crianças são poupadas deste show da vida.
Passados quase um mês deste duplo homicídio, a polícia civil só sabe informar que a motivação está relacionada ao tráfico de drogas... Nesses casos, os parentes não conseguem esconder o descontentamento de uma perda, que já sabem que teriam mais cedo ou mais tarde. O silêncio de vizinhos e familiares explicam o medo que todos tem de serem a próxima vítima!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Seguindo o caminho do crime

Não é de se espantar que um jovem, com 17 anos - recém completados -, já tenha 14 execuções no currículo. Criado sem a presença da mãe, ele cresceu vendo o pai se envolver com o tráfico. Conforme a polícia civil, a falta de bons exemplos, o fizeram abandonar a escola na terceira série do primário... A partir daí, este canoense, que teria crescido no bairro Mathias Velho, passou a andar entre uma boca de fumo e outra.
Mas nem sempre aqueles que, de origem humilde, conquistaram a fama, conseguem ter um um sorte diferente. Veja o caso do goleiro Bruno, acusado de matar a ex-amante, que teria tido um filho do jogador... Ele jogou um futuro brilhante, somando passagens por grandes clubes brasileiros, para fugir de um problema, tido por ele como uma ameça. Será o "peso" da fama? Apesar de não negar sua participação no assassinato de Eliza Samudio, acusa o então melhor amigo, vulgo Macarrão - tido por ele como um irmão.
Já o nosso personagem local revelou à polícia civil friamente detalhes das mortes, em que recebia ordens de presos para acabar com desafetos - pessoas essas que ele mal conhecia. O ofício de matador seria para ele motivo de orgulho, mesmo sem conquistar uma posição de destaque dentro da cadeia produtiva do tráfico.
Que Deus tenha clemência destas duas almas, cujas histórias sao trilhadas dentro do crime organizado!

domingo, 4 de julho de 2010

Medo ou Coragem?

Quatro crianças saíram cedo para brincar, em uma praça do Guajuviras. Só que não voltaram para casa antes de escurecer, como a mãe deles esperava. Depois de horas de angústia, elas reaparecem em casa afoitas. Por sorte - e quem sabe até proteção divina - conseguiram se desvencilhar da armadilha feita por um vizinho, que teria molestado uma menina de 3, duas de 6 e um menino de 9 anos. Conforme a Brigada Militar, os pequenos foram amarrados em arbustos espalhados na área de lazer.
Em meio ao desespero da menor, que segundo a polícia, apanhava de cinto, o autor da violência teria se afastado.
Diante do relato dos filhos, a mãe seguiu em busca do homem que, conforme a polícia civil, já era conhecido na região por cometer atos obscenos. E ela conseguiu detê-lo com as próprias mãos. Há boatos de que o agresssor apanhou e foi amarrado, da mesma forma que teria agido com o frágil quarteto.
Ao prestar depoimento, o homem teria demonstrado à polícia que sofre de distúrbios mentais. Até que tais sintomas sejam comprovados, o suspeito permanecerá no Presídio Central. Pelo menos, é o que se espera... Medo ou coragem? Num momento como esse, os sentimentos se confudem. Ainda mais na cabeça de uma mãe, que vê ameaçada a honra e o futuro dos filhos.

domingo, 27 de junho de 2010

Nos bastidores da Copa

De quatro em quatro anos, muita gente descobre que gosta de futebol. Principalmente quando o Brasil entra em campo. O que nem todo mundo sabe é que nos bastidores da Copa tem gente que precisa jogar um bolão para não deixar a peteca cair. Basta dar um giro rápido pela cidade... A primeira vista, tudo estará fechado.
Aproveito para relatar a minha experiência no último jogo do Brasil, sexta-feira passada. Chegando na redação, por volta das 10 horas, já era visível que as coisas não tinham o mesmo ritmo dos outros dias: pouca gente na recepção, e o telefone - amigo inseparável do jornalista - quase não tocava. Encontar uma fonte, a mais simples que fosse, torna-se uma missão praticamente impossível.
Porém, era preciso adiantar tudo o que fosse possível, afinal a edição do dia seguinte no jornal precisava ser feita, independente do jogo - a manchete do Brasil já estava garantida, apesar do resultado. Mas a página de polícia precisava de elementos.
No primeiro tempo, acompanhei os principais lances entre um comentário e outro dos colegas - poucos pararam realmente na frente da TV - e a narração exaltada do Galvão Bueno.
Fim dos 45 minutos! É hora de aproveitar o intervalo do jogo para falar com algumas fontes. E ao som de vunvuzelas consigo fechar a matéria principal do dia. Com o espírito de missão de cumprida, tornou-me mais uma torcedora chuleando gols da nossa seleção.
O mais complicado, porém, é quando o patriotismo ultrapassa as barreiras do bom senso. Pois precisei ir a uma delegacia 24 horas no meio de Brasil x Coréia do Norte e um dos plantonistas chegou a me perguntar: peraí, tu não é brasileira? O que tu faz aqui, sem olhar o jogo? Então respondi: se não fosse brasileira, não estaria trabalhando...

sábado, 26 de junho de 2010

Brincando com o perigo

Eis a inocência de três meninos de 13, 12 e 10 anos. Segundo relatos da polícia, eles brincavam em uma residência de Nova Santa Rita quando a curiosidade falou mais alto que o perigo...
Haviam dois revólveres calibre 38 guardados em um galpão, disposto acerca de 2 quilômetros da casa onde os garotos estavam. Bastou alguns minutos para que o mais velho empunhasse uma das armas. Enquanto mostrava para os outros, acidentalmente o gatilho desparou acertando o mais novo deles.
Gritos, pavor e desespero. O rapaz chegou a ser socorrido ao Posto de Saúde Municipal, mas infelizmente já era tarde... O fato comoveu vizinhos, amigos e colegas de escola do menino, que mal conheciam o significado da morte.
Noticiado o fato, minha missão no dia seguinte foi tentar falar com parentes do trio. Com quem buscasse informações, a reação era de choque... Chegaram a dizer que a casa do autor do disparo foi apedrejada - informação não confirmada pela polícia. Terá ele tido realmente culpa?
O que ninguém pode negar é a irresponsabilidade de quem deixou essas crianças sozinhas, podendo se aproximarem da arma. Podia ser o filho de qualquer um de nós!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Vigiando e sendo vigiado

Imagine estar andando despretenciosamente... Ou quem sabe fazendo compras no Centro da cidade. A partir de hoje, em 27 pontos - espalhados por nove bairros de Canoas - você não estará mais sozinho. Uma moderna Central de Videomonitoramente, comandada pela Prefeitura, estará vigiando canoenses e visitantes 24 horas.
Pelo menos, no ponto de vista da segurança, esta medida pode significar um avanço. A tecnologia torna-se uma aliada no combate à criminalidade.
Só não me agrada saber que passamos a ser os protagonistas de um Big Brother real. Neste jogo, porém, não há prêmios em dinheiro, mas promessas de reforço nas ações de prevenção à violência.
O jeito é se acostumar pois, como já dizia o ditado, quem não deve, não teme. E isso vale também para a polícia, que passa a ser também vigiada pela comunidade.

Noticiando o que acontece

Uma noite de sono inconstante... É como se eu prevesse que o dia seria cheio de más notícias em Canoas hoje. Isso porque minha missão é noticiar os infortuitos que alguns personagens canoenses vivenciaram nesta quarta-feira.
Homens encapuzados, nesta madrugada, tiveram a gentileza de retirar uma grávida de oito meses da cena do crime. Provavelmente ela não interessava aos atiradores, isso porque foram três disparos a queima roupa.
E lá fui eu apurar as circunstâncias, em meio a vila São Miguel, bem lá no fundão do Guajuviras. Percebo que gente simples e ao mesmo tempo amedontrada prefere se manter calada. Entre uma conversa e outra, logo descubro que há uma boca-de-fumo instalada bem próxima ao cenário de mais um homicídio em Canoas. Até o momento, se não me falha a memória, já ultrapassamos a marca de 80 assassinatos no ano. Em 2009 foram 127 casos...
Preliminarmente a Brigada Militar afirma que o homem de 24 anos não tem antecedentes crimianais. O que me intriga, porque há dois meses seu cunhado foi morto no mesmo bairro. Será mais uma vítima da guerra do tráfico? Isso só o tempo e a investigação da polícia civil poderá dizer. Bandido ou mocinho, é mais um crime brutal que agrega-se as estatísticas da cidade. Até quando?